Rudolfo Auffinger - Rachadura Visual

a escrita me ajuda digerir a realidade. a colagem me desloca para outra realidade. e a poesia é que atravessa tudo isso. é ela que me comove, me abala e me incita.

blog

Eu to pintando a casa inteira de colorido.

“pelo sangue do cordeiro, e ai vai.” Baby do Brasil. 17/04/2020 5.741 visualizações Stream ao vivo realizado há 5 horas

 Em tempos de quarentena, tem 200 cursos online de graça pra fazer, 150 lives novas a cada minuto, 20 plataformas de VOD com filmes liberados além dos milhões de canais de TV. Com essa loucura de telas e vídeos na retina diariamente acho que merecemos uma troca justa e necessária de indicações e afetos através das redes.

 

O que você tem visto? #001 - O NASCER_

Por isso, indico esse curta incrível sobre os lugares de fala, as discussões de gêneros, sexualidades, identidade e suas relações com a produção audiovisual. Um questionamento de exercício diário na nossa profissão

O filme uma coprodução Brasil e Alemã e é de 2011 é diririgo por Thais Guisasola e Simon J. Paetau Pedro Bordel, a video director, is on search for his trans*female protagonist. He finds himself tangled within contradictions of sexuality and representation. His characters take control and make him vulnerable as if penetrated by the lenses of his own camera. Performers: Nicolly Magrini, Fernando Dourado, Thais Guisasola, Havenna Uber, Daniel Gomes Director, Script, Camera: Thais Guisasola und Simon Jaikiriuma Paetau Sound: Daniel Gomes Sounddesign: Raynier Hinojosa O’Farrill Editing: Ilka M. Valdés Carrillo Production: Patricia Rochefeler LUA VERDE, Brazil-Germany 2011. 21 minutos.

CREDO PROGRESSISTA, 1977


para Murilo Mendes & Chico Buarque

Creio em Deus Pátria,
plenipotenciário,
criador do espaço aéreo
e das águas territoriais,
do Mal e do Bem,
do Visível e do Invisível.
E em Creso Justo,
Seu único Filho,
nosso Senhor feudal,
Que é filho procedente de Pai,
Peixinho de Peixe,
Nadador de Natação,
Sangue do Húmus.
O Qual foi concebido do ‘Espírito das Leis’;
nasceu da Mata Virgem;
padeceu sob o Poder Moderador;
foi seviciado, chacinado
e Seu cadáver abandonado em local ermo;
desceu ao proletariado,
ao terceiro Dia do Trabalho ressurgiu dos pobres,
segundo as Escrituras Definitivas
de Compra e Venda
devidamente inscritas no Cartório
de Registro de Imóveis da Capital;
subiu ao Planalto,
está sentado à mão direitista de Deus Pátria,
donde há de vir e julgar os ricos e os pobres;
e o Seu império não terá fim.
Creio no ‘Espírito das Leis’;
na Santa Aliança, no Santo Ofício,
na Família, na Propriedade
e na Traição, digo, na Tradição;
na mancomunação, perdão,
na comunhão dos santos cassados;
na cassação dos mandatos;
na ressurreição da carne de primeira;
na puxa vida eterna,
Amém.

In: MATTOSO, Glauco. Línguas na papa: uma salada dos mais insípidos aos mais picantes poemas de Glauco Mattoso. São Paulo: Pindaiba, 1982

co. Memórias de um pueteiro: as melhores gozações de Glauco Mattoso. Rio de Janeiro: Ed. Trote, 1982. Poema integrante da série Autoelogiáveis & Antoelogiáveis

Qual é a trilha sonora do seu parto?

"I want to prace de lord, I want to prace the lord la vitta e bella, but you still more pansexual then me we are the eco of generation that was push into something we never quite manage to follow"

Pegando o embalo do curta indicado ontem nessa série de indicações que (todes nós deveríamos estar fazendo) a sugestão de hoje, não é um curta mas sim uma perfo, mas o que é o curta senão uma perfo sempre que é visto em vídeo e o que e uma perfo senão um curta, nunca?

As referências de deus, pansexualidade e gerações, na citação do início e que é dita por duas vozes que ecoam, suplementam e preenche essas corpes mecanizadas que gritam FESTA, vem da performance intitulada Manifesto for Queer Futures que estreou do festival HAU – The Present in not enough – Performing Queer Histories and Futures em Berlim. Simon(e) Jaikiriuma Paetau é o colombiano (careca) que codirigiu o curta lua verde.

PERFORMANCE / THEATER
directed by Simon(e) Jaikiriuma Paetau
english with german surtitles

não é uma família é um time digamos assim.

ich gebe mich wie ich bin.
nur so wie ich sein kann 

stelle mich der Welt.

 

você não foi nem ao enterro?
não, eu fiz esse espetáculo

é gostoso dar, os que eu tenho pra dar, eu dou.
vou ficar regulando afeto? eu só consigo estar inteiro o tempo todo, com que estiver comigo. e estar inteiro é se dar o tempo inteiro. eu não sei acomular afeto, ele vasa.

“Psicanálise em cena

Há uma questão de relevância para o público que vê em cena um ator ou um autor tendo de lidar com os próprios traumas. Se há traços de psicanálise em trabalhos do gênero, de que forma os desenlaces ou mesmo essa percepção de que o presente ressignifica o passado podem ser compartilhados com espectadores que, frequentemente, assistem a apenas uma das sessões e não seus desdobramentos, seus efeitos e curas? Um espetáculo em transformação não dependeria de um acompanhamento mais contínuo por parte da plateia?

Baskerville acha que o espectador capta “alguma coisa sem saber exatamente o que é”. “Nunca fui textocêntrico, nunca transferi a responsabilidade total do espetáculo às palavras. A tentativa é de se atingir alguma coisa além do racional”, justifica. “A gente não tem controle sobre a absorção da plateia. O que acho que podemos estabelecer é a comunicação ‘celular’, nem que seja através de um arrepio, de imagens, sensações e situações que vêm à tona depois que o público vai para casa. Acho que a sensação primária da plateia é a de que estamos nos expondo e expondo as nossas vidas. De que não se trata de ficção ou algo meramente baseado em fatos reais. Acredito que a ficção, na maioria dos eventos artísticos, se afastou do humano.”

Do encontro entre todas as histórias do novo espetáculo também surgiram contextos políticos como pano de fundo, dos quais sobressai o debate sobre a cultura da opressão à mulher. Segundo Baskerville, nos ensaios em que os atores expuseram suas memórias, detectou-se a reincidência de histórias de abuso moral ou sexual sofrido pelas atrizes que participam da composição da peça. Entre essas histórias também está a de Taís Medeiros. “Ela descreve como as mães das amigas proibiram suas filhas de brincar com ela porque a sua mãe era separada do marido. Hoje, ela tem 36 anos. A gente está falando dos anos 1980”, conta.”

Fonte: Arte Brasileiros. diário de um homem só 

Pedro?,

lá embaixo que me viu também e disse:

– eu quero conversar com você.

meu ar
fugiu do peito,
tentei me arrumar rápida no espelho, joguei
o cabelo
pro lado passando perfume em lugares estratégicos.
ele estava calmo eu não sei
nem o nome a paula 
foi uma bobagem 
esquecível
entre amigas, eu
já esqueci.
desci as escadas correndo num quase tropeço,
quando abril a porta
o Pedro
tinha 1 Faca
que colou no meu
pescoço.
meu grito morreu no estômago
junto com o chute que ele me deu.
caí sem acreditar naquele Pedro
que arrancou o meu
vestido, o contato
rente da Faca
queimava 
a pele e 
ardia enquanto o Pedro
mastigava meus peitos
pronto pra arrancar
o bico.
ele lambeu minhas coxas por dentro a buceta meu
rosto o cue a língua um pau revirando,
entre a reza e o pulo escolhi
ficar dura
e estranhamente pronta
pra morrer.
foi quando o xixi
me escorreu
as pernas.

– tá mijando em mim sua porca?

ele arrancou o pau pra fora e fez o mesmo
na minha boca

– engole essa, vadia.

o gosto morno
era azedo.
ele socou o pau
até o funod mais
impossível da minha
garganta.

vomitei.

o pedro
ria, 
disse que arrombadas como eu prestam só pra dar
e olhe lá que tem muita putinha bem mais
delicia
do que eu em cada
esquina.

ele abaixou as calças
abriu minhas pernas
e meteu com pressa
de olho
fechado, a cara toda
cerrada
de gozo e nenhum ódio,
o ódio agora
era meu. 

Acabou

e eu
melada O chão
de ardósia O Pedro
subiu as calças
virou as costas
e saiu. 

O peso do pássaro morto, aline bei. 

POLIFONIA audiovisual - MULHERES na técnica

#mulheresnatecnica #mulheresnaeletrica #mulheresnosom #mulheresnafotografia #dafb #audiovisualbrasileiro
Evelyn Santos Kali Robaina
Thais Robaina Maria Fonseca Giovanna Gil

O mercado audiovisual brasileiro é masculino, hétero, branco e elitista!
Se você discorda, te lançamos o desafio: na próxima produção que você estiver presente conte quantas pessoas estão trabalhando e quantas delas são mulheres, LGBTQI+, não brancas e da periferia. A matemática te dá a reposta!
Se queremos um mercado mais plural, mais diverso, mais rico, é urgente falar sobre isso.
Convidamos as maravilhosas Evelyn Santos, Fernanda Frate, Julia Zakia, Kali Robaina, Michelle Rodrigues e Thais Robaina no primeiro episódio da série POLIFONIA e queremos convidar você também pra assistir, ouvir e, principalmente, pra debater com a gente!

 

 

Scroll Up